sexta-feira, 17 de julho de 2009

Contra a homofobia, Educação!

Texto e foto: Janaina Rochido

CRP-MG promove debate sobre os dez anos da resolução CFP 01/99, mas quem ganha destaque na luta contra a homofobia são as possibilidades da Educação.

Da esquerda para a direita: Paulo Cézar Souza Teixeira, André Versiani (mediador), Marco Antônio Torres e Leonardo Tolentino.


O Código de Ética da Psicologia já garante a não discriminação de pacientes por sua orientação sexual. Como isso não é o que ocorre em grande parte dos consultórios, foi criada a Resolução CFP 01/99, que está completando dez anos e proíbe essa prática homofóbica. Pensando nisso e aproveitando as atividades da Semana "BH Sem Homofobia", a Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia Minas Gerais – CRP-MG, promoveu, no dia 14 de julho, a mesa “10 anos da Resolução CFP 01/99: e a Psicologia, como vai?”, dentro do projeto “Diálogos no Conselho".

Leonardo Tolentino, membro do Grupo Universitário em Defesa da Diversidade Sexual - GUDDS! e um dos coordenadores do ENUDS 7 - 7º Encontro Nacional Universitário de Diversidade Sexual, foi um dos convidados, juntamente com Paulo Cézar Souza Teixeira, do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual - Cellos-MG e Marco Antônio Torres, psicólogo, mestre em Psicologia e membro do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT da UFMG – NUH. Cerca de 30 pessoas estiveram no auditório do CRP-MG na ocasião.


Depois de um passeio pela História com o representante do Cellos-MG, mostrando como a homofobia permeia nossas sociedades, foi exibido um trecho do programa Profissão Repórter, da Rede Globo, que, em 19/05, mostrou o caso de Iago Marins, adolescente paulistano que cometeu suicídio por sofrer com o bullying na escola, devido à sua homossexualidade. Esse foi o detonador para uma mudança de rumos no debate, que passou a focar a necessidade da Psicologia trabalhar a questão da diversidade sexual na educação.


Nas instituições de ensino brasileiras ainda falta preparo dos educadores, especialmente quando se trata de crianças. Marco Antônio Torres lembrou que os homossexuais continuam sendo apontados e encarados nas ruas, apesar da questão da diversidade estar, aos poucos, sendo pautada nestes espaços. Leonardo Tolentino criticou a falta de disciplinas sobre diversidade sexual nos cursos de graduação nas áreas da Saúde e Humanas. Isso evitaria casos como o da psicóloga carioca Rosângela Justino, que será processada por insistir em tratamentos para “curar” a homossexualidade.


Endossando a importância da educação neste processo, Marco Antônio citou o lançamento do programa Brasil sem Homofobia, em 2004, que envolveu todos os ministérios. De acordo com ele, o que menos ações propôs para o programa foi justamente o Ministério da Educação, que, na opinião de Torres, deveria ser o mais ativo, uma vez que é na escola que os preconceitos podem ser quebrados.

Ainda são negados 37 direitos civis à população LGBT brasileira - aqui, Leonardo Tolentino emocionou-se ao falar de Iago, que teve negado seu direito à Educação. “A escola deveria ser um espaço de formação e não de humilhação. Aquele garoto poderia ser eu, ou qualquer pessoa que conhecemos”, frisou. Processos como a “heterossexualização das homossexualidades” (casais homossexuais que se comportam como casais heterossexuais para serem aceitos), como define Marco Antônio, e a situação dos transexuais, que ainda precisam patologizar sua condição para conseguirem a cirurgia de readequação, perpetuam a negação aos direitos sexuais da população LGBT – direitos estes que continuam sendo pautados como “puxadinhos”, escondidos e relegados a segundo plano nas políticas públicas do Brasil.

2 comentários:

  1. post ma-ra-vi-lho-so! e parabéns aos participantes da mesa. :)

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  2. Pois é, acho que o caminho é, realmente, a educação. Num sentido mais amplo do que somente a intervenção escolar. Acho que não podemos nos esquecer de que, muitas vezes, a escola reforça valores, crenças e preconceitos que vêm de casa, ou seja, construídos a partir de uma sociedade equivocada. Precisamos, sim, agir de maneira mais efetiva nas escolas, mas as intervenções nos espaços de educação não formal, acredito eu, são essenciais para a ampliação da nossa atuação educativa. Educar os sentidos, educar as sensibilidades, tornar mais humanos quem acredita ser humano.
    É isso!
    Bjs pra todos.

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