sexta-feira, 23 de outubro de 2009

"Os novos negros"

O colunista Leandro Fortes, da revista Carta Capital, publicou um texto no qual vale a pena dar uma lida e pensar a respeito. Reproduzimos ele abaixo (agradecimentos também a Mariana Septímio e Leonardo Tolentino, por dividirem esse texto por e-mail com os colegas dos grupos de discussão Gudds! e ENUDS):

"Não faz muito tempo, o mundo – e o Brasil, em particular –, se escandalizou com as manifestações racistas contra jogadores de futebol que foram hostilizados por torcedores nos estádios europeus apenas porque eram negros. Na Itália e na Espanha, diversos jogadores negros, inclusive brasileiros, foram chamados de “macacos”, “gorilas” e “pretos de merda” por torcidas organizadas dos maiores times daqueles países. As reações foram, felizmente, imediatas. Intelectuais, jornalistas, políticos e autoridades esportivas de todo o planeta botaram a boca no trombone e reduziram, como era de se esperar, gente assim ao nível de delinqüentes comuns. Ainda há, eventualmente, exaltações racistas nos gramados, mas há um consenso razoavelmente arraigado sobre esse tipo de atitude, tornada, universalmente, inaceitável. Você não irá ver, por exemplo, no Maracanã, torcidas inteiras – homens, mulheres e crianças – gritando “crioulo safado” para o artilheiro Adriano, do Flamengo, por conta de alguma mancada do Imperador. Com a PM circulando, nem racistas emperdenidos se arriscam a tanto.

Mas, ai de Adriano, se ele fosse gay.

No sábado passado, espremido no Maracanã ao lado de meu filho mais velho e outras 57 mil pessoas, fui ver um jogaço, Flamengo 2 x 1 São Paulo, de virada, um espetáculo de futebol. Quando o time do São Paulo entrou em campo, as torcidas organizadas do Flamengo, além de milhares de outros torcedores avulsos, entoaram, a todo pulmão: “Veados, veados, veados!”. Daí, o painel eletrônico passou a anunciar, com a ajuda do sistema de autofalantes, a escalação são-paulina, recebida com as tradicionais vaias da torcida da casa, até aí, nada demais. Mas o Maraca veio abaixo quando o nome do volante Richarlyson foi anunciado: “Bicha, bicha, bicha!”. E, em seguida: “Bicharlyson, Bicharlyson!”. Ao longo da partida, bastava que o são-paulino tocasse na bola para receber uma saraivada de insultos semelhantes. No ápice da histeria homofóbica, a Raça Rubro Negra, maior e mais importante torcida do Rio, e uma das maiores do Brasil, convocou o estádio a entoar uma quadrinha supostamente engraçada. Era assim:

“O time do São Paulo/só tem veado/o Dagoberto/come o Richarlyson”.

Richarlyson virou alvo da homofobia esportiva brasileira, com indisfarçável conivência de cronistas esportivos, jornalistas e colegas de vestiário, a partir de 2005, quando fez uma espécie de “dança da bundinha” ao comemorar um gol do São Paulo, time que por ser oriundo do elitista bairro do Morumbi acabou estigmatizado como reduto homossexual, ou time dos “bambis”, como resumem as torcidas adversárias. A imprensa chegou a anunciar o dia em que Richarlyson iria assumir sua homossexualidade, provavelmente numa entrada ao vivo, no programa Fantástico, da TV Globo – o que, diga-se de passagem, nunca aconteceu. Desde então, no entanto, o volante nunca mais teve paz. No Maracanã lotado, qualquer lance que o envolvesse era, imediatamente, louvado por um coro uníssono e ensurdecedor de “veado, veado, veado!”. Homens, mulheres e crianças. O atacante Dagoberto entrou de gaiato nessa história apenas porque, com Richarlyson, forma uma eficiente dupla de ataque no São Paulo.

Agora, imaginem se, no Morumbi, a torcida do São Paulo saudasse o atacante Adriano, do Flamengo, aos berros de “macaco, macaco, macaco!”, apenas para ficarmos nas analogias retiradas do mundo animal. Ou, simplesmente, entoasse uma quadrinha do tipo criada para a dupla Dagoberto/Richarlyson, dizendo que no Flamengo só tem crioulo, que Adriano enraba, sei lá, o Petkovic. O mundo iria cair, e com razão, porque chegamos a um estágio civilizatório onde o racismo tornou-se motivo de repulsa, mesmo em suas nuances tão brasileiras, escondidas em piadas de salão e ódios de cor mal disfarçados no elevador social. Usa-se, no caso dos gays, o mesmo mecanismo perverso que perdurou na sociedade brasileira escravagista e pós-escravagista com o qual foi possível transformar em insulto uma condição humana que deveria, no fim das contas, ser tão somente aceita e respeitada. Assim, torcedores brasileiros chamam de veados os são-paulinos em campo como, não faz muito tempo, nos chamavam, os argentinos, de “macaquitos”, em pleno Monumental de Nuñes, em Buenos Aires, para revolta da nação.

Quando – e se – a lei que criminaliza a homofobia no Brasil, a exemplo do racismo, for aprovada no Congresso Nacional, será preciso educar gerações inteiras de brasileiros a respeitar a sexualidade alheia. Espero, a tempo de recebermos os atletas que virão às Olimpíadas de 2016, no Rio, provavelmente, no mesmo Maracanã que hoje se compraz em xingar Richarlyson de veado. Por enquanto, a discussão sobre a lei está parada, no Brasil, porque o lobby das bancadas religiosas teme abrir mão de um filão explorado por fanáticos imbuídos da missão de “curar” homossexuais, ou de outros, para quem os gays são uma aberração bíblica passível, portanto, da ira de deus.

Nos jornais de domingo, nem uma mísera linha sobre o assunto. Das duas uma: ou é fato banal e corriqueiro, logo, tornado invisível aos olhos das dezenas de repórteres enfiados na tribuna da imprensa do Maracanã; ou é conivência mesmo."


Originalmente publicado em Carta Capital, em 14/10/2009.


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Convite: Nico Lopes - Viçosa, 31/10

Diretamente de Viçosa, chega um convite do nosso amigo Raul Gondim, do grupo Primavera nos Dentes:

"Segue em anexo o cartaz digitalizado da Nico Lopes.
Retomando: vamos montar um bloco LGBT contra a homofobia na marcha e gostaríamos MUITO da participação de vocês. Estamos pretendendo ir às ruas com as cores do arco-íris como nunca foi feito em Viçosa. Os participantes do bloco devem usar camiseta lisa (sem estampa) com uma das cores do arco-íris. Tragam bandeiras, faixas, etc. Não se preocupem com hospedagem, lógico. Quanto mais pessoas virem, melhor.
Será dia 31 de outubro (sábado), com concentração a partir do meio-dia.
A marcha (com trio elétrico) seguirá pela reta da UFV, passará pela PH Rolfs e vai até a estaçãozinha do balaústre.´
Depois da marcha, show do Alceu Valença no estacionamento do PVB. Tudo de graça."


Então, vamos lá prestigiar? Aí o cartaz da festa - clique para ver maior!

sábado, 17 de outubro de 2009

Sistematização final dos GDTs - ENUDS 7

Ai, gente, eu sei que demorou pra gente postar, mas está aí! A sistematização final dos GDTs do ENUDS 7, para quem quiser conferir o resumo de tudo que foi debatido e sugerido nos encontros sobre cada tema. Tem até proposta para este humilde blog continuar aqui, firme e forte na web! \o/

Então, vamos lá? 'Tá cheio de coisas interessantes para ler!

Mídia

Compreendendo a relevância das mídias em nossa sociedade e o quanto pode corroborar com padrões, normas e comportamentos, consideramos problemático o modo como a imagem do homossexual tem sido utilizada em diversas campanhas publicitárias, voltada para a padronização de uma lógica de consumo, bem como a inserção dos LGBT’s unicamente como consumidores. Desse modo, mantêm-se a padronização de uma lógica heteronormativa de comportamento, limitando ao caricato todas as outras formas de manifestação da sexualidade.

Trabalho e Terra

Compreendemos que as discussões acerca da diversidade sexual ainda são elitizadas, com pouco alcance concreto às demandas populares, consequentemente ainda afastadas das questões relacionadas aos movimentos que lutam pela terra e do próprio campesinato. Acreditamos que essa seja uma reprodução da própria lógica que negligencia a situação de classe das/os trabalhadoras/es, oprimindo-as/os em todos os âmbitos, inclusive em relação à sua identidade sexual. É importante, também, a necessidade de nos reconhecermos, enquanto movimento LGBT, como classe trabalhadora.

Religião

Entendemos que o tema da religião no Brasil tem sido pouco discutido, embora seja muito complexo e problemático, uma vez que a interferência de setores religiosos nas três esferas do poder tem prejudicado e impedido leis de combate à homofobia, bem como promovido a intolerância religiosa, o racismo e o machismo. Nesse sentido, defendemos a laicidade do Estado, entendo que um Estado laico deve promover políticas públicas à todas as pessoas independentemente de sua crença ou prática de fé. Ao mesmo tempo, devemos tratar das questões religiosas em uma perspectiva pautada na tolerância, no respeito e na diversidade cultural, considerando que o Brasil é um país plural, marcado por diferentes manifestações religiosas, bem como grupos e pessoas que não tem nenhuma crença. Desse modo, o ENUDS deve ser entendido como espaço de troca dessas experiências religiosas tanto a partir de experiências individuais como de trabalhos acadêmicos. Com isso, podemos possibilitar formas de compreender o outro na sua multiplicidade, incorporando suas diferentes formas de vivenciar seu corpo e sua espiritualidade pautada no respeito e na tolerância.

Homossexualidade masculina

Os grupos de diversidade sexual trocaram suas experiências no âmbito das dificuldades e conquistas em cada estado. Os grupos que relataram experiências foram: KLAUS (Brasília), Colcha de Retalhos (Goiânia), Diversas (Niterói), GUDDS (Belo Horizonte), NuDU (Campinas), e relatos de movimentos da UFPR, Faculdade de Direito da UFRJ e do CEFET-Araxá.
Foi discutido o caráter político das paradas LGBT e a necessidade delas. Não houve um consenso sobre o tema, devida a opiniões muito diversas.
Compreendemos que as práticas, políticas e as teorias queer e, ainda, as estratégias fundadas em categorias e identidades LGBT são proposições políticas que dialogam e não são excludentes por excelência. Tratam-se de formulações que podem ser acionadas mediante as necessidades e conjecturas no âmbito do ativismo e produção de saberes referentes a sexualidades, relações de gênero e temas correlatos.
Entendemos que o campo da homossexualidade masculina opera categorias de hierarquização e exclusão em relação às posicionalidades de gênero, raça, classe, território e deficiências, de forma interna (entre as várias possibilidades de vivermos e experimentarmos a homossexualidade masculina) e em relação às outras orientações sexuais e identidades de gênero.
Entendemos que a lei que criminaliza a homofobia é de essencial importância para a luta pela liberdade sexual. A aprovação dessa lei foi considerada pelo grupo como prioritária em relação a união civil de pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças.Além disso, ela seria facilitadora na conquista desses e outros direitos legais. No entanto, sabemos que ela não será a resolução do problema da homofobia, sendo necessárias outras formas de luta, bem como um grupo forte capaz de fiscalizar o cumprimento da lei.
O GDT sentiu falta de um espaço maior para a discussão entre os participantes do encontro e diálogo entre os grupos de diversidade organizados. Isso comprometeu a discussão sobre o tema “homossexualidades masculinas”. Foi colocado que isso demonstra prepotência e arrogância masculina em relação às outras formas de sexualidades.

Lesbianidade

Reconhecendo que a homofobia também tem uma origem na misoginia, o GDT Lesbianidades entende a extrema importância combatermos a reprodução de papéis heterossexista/machista no ENUDS, em seus espaços de eventos, metodologias e produção a partir de um compromisso explícito em abraçar e absorver, naqueles processos, dinâmicas e métodos, demandas como:
- Cuidado com uma ótica feminista, anti-racista, anti-capitalista e não-assimilada de militância LGBT;
- O cuidado com as formas horizontais de produção e compartilhamento de atividades para que a construção do evento não seja hierarquizada, verticalizada e centralizada em demasia, e para que seja plural e construída coletivamente;
- Que o compromisso com a sustentabilidade esteja garantido nas práticas e não se limite ao discurso, com atenção cuidadosa ao uso de descartáveis e práticas de servidão que repetem esquemas racistas e colonizadores de relações de serventia e terceirização das responsabilidades coletivas e individuais com o cuidado dispensado aos espaços ocupados (produção de lixo e consumo);
- O protagonismo de mulheres em todos os âmbitos da organização e incentivo à participação das mulheres;
- Uso de linguagem não-discriminatória, não-machista, não-racista, não-lesbofóbica / transfóbica / homofóbica / bifóbica nos documentos, comunicações escritas, materiais de divulgação e afins;
- A eleição de temas e discussões que se impliquem e comprometam com os temas acima citados;
- Necessidade de aumentar a participação das mulheres lésbicas e bissexuais no Encontro, inclusive nos espaços de coordenação e direção, incentivando nos coletivos e pela CN e CO a vinda destas mulheres;
- Necessidade de compreender e discutir como lesbofobia/transfobia/homofobia/bifobia estão relacionadas como o machismo, a misoginia e o sexismo, com a heteronormatividade e na nossa sociedade com o capitalismo, assim, não adianta achar que o mercado resolve a discriminação com a sua segmentação (direitos sociais não se restringem à poder aquisitivo);
- Necessidade de estimular o debate das demandas específicas na perspectiva de mudanças radicais da nossa sociedade que é racista, capitalista, patriarcal, heteronormativa;
- Garantia das demandas específicas das mulheres bissexuais a partir de espaços como gdt's, oficinas, dentre outros, incentivando também que as bissexuais se organizem, sem excluir espaços em que todas as mulheres possam debater em conjunto o feminismo, a misoginia;
Concluímos ressaltando a necessidade do debate das mulheres e organização das mesmas no ENUDS enquanto mulheres e enquanto lésbicas, bissexuais, transsexuais e travestis, já que este é um passo fundamental para a luta contra o machismo dentro e fora do movimento LGBT e na construção de um mundo onde as pessoas, independente de raça, orientação sexual e identidade de gênero possam ser livres.

GDT RUMOS E PERSPECTIVAS

01 - Propostas de temas:
a) Movimento LGBT: Repensando Práticas e Ressignificando Conceitos.
b) Que o próximo ENUDS paute sua auto-organização, enfatizando quais são suas bandeiras.
02 - Que as questões LGBT sejam transversalizadas por questões como: feminismo, raça, consumo, etc. e não fique presa apenas à questão da identidade sexual/de gênero;
03 - Que as indicações de tema se dêem enquanto diretrizes para o próximo encontro, nao sendo estritamente seguido na próxima edição;
04 - Que haja um maior avanço entre o debate sobre movimento social e academia , sendo viabilizada a troca de experiência, constituindo um espaço de construção de uma pauta política;
05 - Que sejam oportunizadas discussões sobre movimentos sociais (feminista, estudantil, etc);
06 - Que haja mais espaços de discussões sobre masculinidades;
07 - Que no próximo evento seja tratada a questão da homossexualidade e religião e que sejam convocados/as representantes de diversas religiões;
08 - Que no próximo ENUDS sejam estabelecidos debates sobre os/as intersex, articulando e viabilizando a participação de movimentos que já discutem sobre os/as intersex;
09 - Que o próximo ENUDS paute sua auto-organização, suas bandeiras e um conjunto de ações visando articular os coletivos universitários e as/os indivíduas/os em torno da pauta de promoção da diversidade sexual dentro e fora da universidade;
10 - Que haja uma maior discussão sobre a possibilidade da criação de uma Federação latino-americana para que seja algo debatido no próximo encontro;
11 - Que se discuta a criação dos coletivos regionais responsáveis pela estruturação e organização dos encontros regionais.
12 - Inserir a discussão sobre Intersexualidade em algum espaço do encontro
13 - Estimular o debate das demandas específicas na perspectiva de mudanças radicais da nossa sociedade que é racista, capitalista, patriarcal, heteronormativa;
14 - Propor a discussão sobre como lesbofobia/transfobia/homofobia/bifobia estão relacionadas com o machismo, a misoginia e o sexismo, com a heteronormatividade e com o capitalismo
15 - Que o próximo ENUDS possa ter um caráter mais propositivo de combate à homo/lesbo/transfobia e de combae ao machismo.
16 - O 8º ENUDS deve ter como foco fundamental o “desbunde”: é necessário valorizar os espaços lúdicos, as informalidades, como forma de expressão política.
17 - Uso de linguagem não-discriminatória, não-machista, não-racista, não-lesbofóbica/transfóbica/homofóbica/bifóbica nos documentos, comunicações escritas, materiais de divulgação e afins;
18 - Que no próximo ENUDS tenha como espaço inicial a explicação da metodologia do Encontro e sua construção ao longo do tempo, bem como o seu histórico.
19 - Que o ENUDS possa ser pensado (estruturado) enquanto uma rede de articulação política de grupos universitários;
20 - Que no próximo ENUDS, os/as relatores/as dos GDT's componham uma comissão para a construção de uma carta aberta à sociedade;
21 - Que nos GDT's sejam elencadas e discutidas propostas, em vez de, simplesmente, a construção de um texto;
22 - Que hajam plenárias de discussão de um tema e que os GD's sejam espaços para o que se foi discutido na mesa de discussão e que após os GD's, possamos retomar às/aos convidados/as que compõem a mesa (plenária-GD-plenária);
23 - Que os GDT's sejam espaços propícios à escrita e/ou divulgação de cartas de repúdio;
24 - Que no próximo ENUDS haja um espaço formal de organização e formação das mulheres e dos homens;
25 - Que os grupos de discussão identitários não sejam fechados, mas se mantenham abertos para a participação de qualquer pessoa.
26 - Que o encontro possa ser encaminhado por proposições concretas, em vez de texto.
27 - Que haja um maior espaço de tempo para a discussão nas rodas de conversa.
28 - Que a regionalidade seja estabelecida segundo critérios de proximidade e interlocução entre os grupos e não apenas pelo critério geo-político.
29 - Que o ENUDS produza a cada encontro uma carta final que apresente os debates que foram feitos no encontro enquanto manifesto de reivindicações e reflexões para o encontro e pra fora do mesmo, divulgando entre os coletivos, nas universidades, nos movimentos sociais, entre as entidades e organizações representativas do movimento LGBT.
30 - Que o ENUDS se torne uma rede ou algo similar a isso, para que as proposições de cada edição tenha maior possibilidade de serem implementadas.
31 - Que no próximo ENUDS as deliberações das Plenárias sejam efetivadas e que as não efetivadas sejam justificadas em carta aberta a ser entregue no momento do credenciamento.
32 - Que nenhuma atividade proposta ou aprovada vá contra os princípios gerais do ENUDS
33 - Que seja função da CN fazer o acompanhamento e fornecer relatórios periódicos acerca da construção do encontro, garantindo a execução dos pontos deliberados no encontro anterior e a aplicabilidade das deliberações.
34 - Discussão e criação de um novo modelo de coordenação nacional que deverá ser apresentado no próximo ENUDS.
35 - Que a CN seja composta por até 2 grupos por estado.
36 - Que a comisão nacional nao seja mais representada por duas pessoas de cada Estado e sim por grupos dos Estados, que a responsibilidade do evento nao seja por pessoas e sim de grupos
37 - Que os grupos possam fazer parte da rede de grupos de diversidade sexual, que será substituta da Comissão Nacional. Neste caso, pode cada grupo ter direito a voto quando for necessário.
38 - Aumentar a participação das mulheres lésbicas e bissexuais no Encontro, inclusive nos espaços de coordenação e direção, incentivando nos coletivos e pela CN e CO a vinda destas mulheres;
39 - Que a CN consiga, junto aos grupos em seu Estado, divulgar e bater a agenda com o movimento;
40 - Que o caráter do ENUDS seja debatido nas reuniões da CN ou do organismo equivalente.
41 - Que os membros da CN articulem-se em seus estados com as mídias para a divulgação do ENUDS e que se possa produzir uma grande divulgação, a nível nacional;
42 - Garantir um espaço de intercâmbio de material áudio-visual e impresso entre os participantes do ENUDS.
43 - Que haja maior espaço de exibição de produtos midiáticos durante o ENUDS.
44 - Criação de uma oficina de produção de produtos midiáticos durante o ENUDS.
45 - Que o compromisso com a sustentabilidade esteja garantido nas práticas e não se limite ao discurso, com atenção cuidadosa ao uso de descartáveis e práticas de servidão que repetem esquemas racistas e colonizadores de relações de serventia e terceirização das responsabilidades coletivas e individuais com o cuidado dispensado aos espaços ocupados (produção de lixo e consumo);
46 - Que haja nas próximas edições do ENUDS maior cuidado com as formas horizontais de produção e compartilhamento de atividades para que a construção do evento não seja hierarquizada, verticalizada e centralizada em demasia, e para que seja plural e construída coletivamente;
47 - Que exista um documento e/ou um mural relatando o que foi concretizado ou realizado nos ENUDS anteriores.
48 - Criação do espaço Núcleo de Vivência, com experiência junto a outros grupos de movimentos sociais (imersão na realidade desses grupos in loco)
49 - Que haja no espaço do ENUDS banheiros únicos.
50 - Reservar no quadro de programação um espaço livre para auto-organização de grupos.
51 - Que todas as atas e deliberações de todas as edições do ENUDS sejam divulgadas e sistematizadas.
52 - Que haja critérios de participação mínima obrigatória para o credenciamento de votantes na plenária final
53 - Que façamos Rodas de Diálogo Simultâneas, discutindo o mesmo tema e propiciando o espaço de fala a um maior número de pessoas.
54 - Que haja uma carta final do encontro além da Relatoria, como uma carta manifesto.
55 - Propor alguns espaço de discussão que não sejam pautados pela questão da identidade.
56 - Pensar em um formato de trocas de experiências com grupos que tenham vivências e práticas positivas.
57 - Mudar o foco do evento, pensando como devemos estruturar grupos que possam pautar ações práticas de intervenção. Trazer mini-cursos e oficinas de construção de grupos e de intervenções.
58 - Que sejam alterados os horários, atentando para o horário das festas e implicações disso nas outras atividades.
59 - Realização de apenas duas festas por edição.
60 - Início das atividades às 10h da manhã.
61 - Que as festas tenham horário para terminar, sugestão: 2h.
62 - Que, em vez de festas todos os dias, sejam construídos happy-hours, com menor tempo facilitando a participação de todos e minimizando a dispersão nas atividades nos outros dias;
63 - Criação de uma comissão de saúde para atender @s participantes que passarem mal.
64 - Não colocar atividades em seqüência sem intervalo entre elas.
65 - Reserva de horários diários para o encontro de delegações regionais e/ou outras formas de organização e reserva de horário ampliado para assembléias regionais o mais próximo possível da plenária final.
66 - Sugere-se a realização da mesa da roda de conversa e ampliação de troca e exposição, caso a CO deseje utilizar este dispositivo.
67 - Criação de dispositivos (à escolha da CO) para exposição e debate de práticas e políticas de coletivos universitários LGBT, bem como outros movimentos sociais, integrado ou não às sessões acadêmicas (apresentações de trabalho).
68 - Que o ENUDS seja um espaço também de potencialização e incentivo aos coletivos de diversidade sexual. Nesse sentido, é importante que tenhamos espaços de troca de experiências e debates entre os coletivos e sobre os coletivos.
69 - Que o ENUDS tenha articulações com os movimentos sociais tendo em suas programações mesas de debate com os movimentos (negros e negras, LGBT, mulheres, estudantil, sem terra, etc...)
70 - Que o ENUDS seja bianual e que nos anos de intervalo sejam organizados outros fóruns como, por exemplo: encontros dos coletivos de diversidade, encontros entre esses coletivos, grupos de pesquisa e grupos de militância, ou ainda, encontros temáticos.
71 - Que o ENUDS seja realizado em quatro dias.
72 - Que seja mantido o ENUDS em cinco dias;
73 - Que, no primeiro pré-ENUDS, de acordo com as condições estruturais da sede, é que se defina se há a possibilidade de que o encontro seja construído em mais de 4 dias;
74 - Que os GD's enquanto espaços de formação não demandem a construção de produtos tais como relatório e cartas;
75 - Que, no próximo ENUDS, existam menos oficinas e que, assim, os horários sejam mais otimizados, bem como sejam oportunizadas as atividades "extras";
76 - Que haja apenas um pré-ENUDS por ano e que este ocorra na sede do encontro; Nos últimos dois anos, foram gastos tempo, esforço e verba para organização dos 2º ENUDS e estes nao ocorreram que é algo que enfraquece e dificulta articulações para um outro momento, por exemplo;
77 - Que haja um espaço para relatos de experiências no próximo ENUDS de atividades para além de produções acadêmicas;
78 - Que os grupos sejam de discussão (GD's) e que estes tenham um maior espaço de realização no evento;
79 - Que seja facilitada a viabilização da participação de grupos de movimentos sociais;
80 - Que, nas mesas, haja menos tempo de discussão e mais espaço para debate;
81 - Que sejam estabelecidos critérios de análise para uma política de isenção de inscrição do encontro;
82 - Que haja, nas próximas edições do encontro, na programação cultural, um espaço destinado ao FUNKENUDS, inclusive tocando proibidão;
83 - Que o site atual (www.enuds.net) e o blog do ENUDS sejam mantidos e atualizados pela sede;
84 - Que as comissões organizadoras possam construir um relatório que contenha, inclusive, a prestação de contas financeira, após o encontro, e publicizá-lo na lista de discussão, em, no máximo 90 dias após o encontro;
85 - Que o jornal BAQUE VIRADO seja o boletim oficial de todos os próximos encontros.
86 - Que em todos ENUDS haja um ato público para interação com a comunidade universitária e externa.

MOÇÕES

87 - Moção de repúdio sobre a homofobia sofrida por uma participante do ENUDS no banheiro da UFMG;
88 - Que o ENUDS redija duas cartas abertas:
89 - Uma Contra a “resolução” que define a união civil apenas como entre duas pessoas de sexos diferentes.
90 - Uma moção de louvor à procuradora-geral da República, Deborah Duprat, que propôs o reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo, junto ao STF.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

ENUDS 7 no Grito dos Excluídos

Acabou de sair do forno o vídeo com as imagens do pessoal - participantes e CO - do ENUDS 7 no Grito dos Excluídos, em 7 de setembro, último dia de encontro na capital mineira. Como se já não bastassem as fotos maravilhosas, a trilha sonora de Ney Matogrosso com "Cara do Brasil" (que também tem clipe no YouTube) deu o tom de como foi a caminhada pelas ruas de Belo Horizonte.

Ah, chega de texto, né? Sem mais delongas, confira o vídeo logo abaixo!



Ah, experimente fazer uma busca por ENUDS 7 no YouTube e veja quanta coisa legal o pessoal postou sobre o encontro!

"4° Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul"



Entre 13 e 19 de outubro ocorre em Belo Horizonte a 4° Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, com 39 produções de dez países sul-americanos, exibidas gratuitamente, na sala Humberto Mauro, no Palácio das Artes.


A 4° Mostra Cinema e Direitos Humanos é composta por filmes, entre longas e curtas-metragens, ficções e documentários, que abordam questões referentes aos direitos humanos. Entre os temas, são abordados os direitos da criança e do adolescente, da população afrodescendente, dos homossexuais, da população carcerária, dos deficientes físicos, da diversidade religiosa, dos migrantes, entre outros.


Entre os destaques da mostra estão "Histórias de Direitos Humanos" do argentino Pablo Trapero, que divide o longa em 22 episódios de três minutos sobre o assunto; o também argentino "Unidad 25", que conta sobre uma igreja mantém centenas de fiéis "aprisionados" a devoção do Evangelho; e o documentário brasileiro "Esse Homem Vai Morrer: Um Faroeste Caboclo", que revela como um sonho que atraiu diversos brasileiros para Rio Maria, no Pará, acabou um com a vida de quatorze deles.


O evento ainda exibe "Garapa", de José Padilha (Tropa de Elite), o inédito "Entre A Luz e a Sombra", de Luciana Burlamaqui, e homenageia o projeto "Vídeos nas Aldeias", idealizado por Vincent Carelli, que filmava os índios Nambiquara e depois exibiam as imagens para a tribo, em 1987.


Belo Horizonte exibirá em sua sessão de abertura o filme CORUMBIARA de Vincent Carelli, às 19h30, que retrata a busca e a versão dos sobreviventes sobre o massacre de índios na gleba Corumbiara (RO) ocorrida em 1985. A sessão será precedida pela cerimônia de abertura da 4° Mostra Cinema e Direitos Humanos.



Serviço:

Belo Horizonte - 13 a 19 de outubro de 2009
Cine Humberto Mauro
- 140 lugares
Av. Afonso Pena, 1537 – Centro - (31) 3226-7400

ENTRADA FRANCA

Informações sobre a programação completa - www.cinedireitoshumanos.org.br

*

PROGRAMAÇÃO:


13/10 - TERÇA-FEIRA


15h (SESSÃO DAS 19HS DE QUARTA-FEIRA)

DEVOÇÃO - Sergio Sanz (Brasil, 85 min, 2008, doc)
PHEDRA - Claudia Priscilla (Brasil, 13 min, 2008, doc)

Classificação indicativa: 12 anos


17h (SESSÃO DAS 19HS DE SEGUNDA-FEIRA)

CRUELDADE MORTAL - Luiz Paulino dos Santos (Brasil, 92 min, 1976, fic)
ESTRELA DE OITO PONTAS - Fernando Diniz e Marcos Magalhães (Brasil, 12 min, 1996, fic/ani)
Classificação indicativa: 16 anos

19h30 ABERTURA

20h CORUMBIARA - Vincent Carelli (Brasil, 117 min, 2009, doc)

Classificação indicativa: livre



14/10 – QUARTA-FEIRA
15h
PRO DIA NASCER FELIZ - João Jardim (Brasil, 88 min, 2006, doc)

Classificação indicativa: livre

17h
NUNCA MAIS!!! COCHABAMBA, 11 DE JANEIRO DE 2007 -
Roberto Alem (Bolívia, 52 min, 2007, doc)
DAYUMA NUNCA MAIS - Roberto Aguirre Andrade (Equador, 30 min, 2008, doc)

Classificação indicativa: livre

19h MOSTRAVÍDEO ITAÚ CULTURAL


21h
O SIGNO DA CIDADE -
Carlos Alberto Riccelli (Brasil, 96 min, 2007, fic)
OS SAPATOS DE ARISTEU - René Guerra (Brasil, 17 min, 2008, fic)

Classificação indicativa: 16 anos


15/10 – QUINTA-FEIRA
15h
MOKOI TEKOÁ PETEI JEGUATÁ – DUAS ALDEIAS, UMA CAMINHADA -
Arial Duarte Ortega, Germano Beñites, Jorge Morinico (Brasil, 63 min, 2008, doc)

DE VOLTA À TERRA BOA - Mari Corrêa, Vincent Carelli (Brasil, 21 min, 2008, doc)
PRÎARA JÕ, DEPOIS DO OVO, A GUERRA - Komoi Paraná (Brasil, 15 min, 2008, doc)
Classificação indicativa: livre

17h
À MARGEM DO LIXO -
Evaldo Mocarzel (Brasil, 84 min, 2008, doc)

Classificação indicativa: livre

19h
O REALISMO SOCIALISTA -
Raúl Ruiz (Chile, 52 min, 1973, fic/doc)
AGARRANDO PUEBLO (OS VAMPIROS DA MISÉRIA) - Carlos Mayolo, Luis Ospina (Colômbia, 28 min, 1978, fic)

Classificação indicativa: 16 anos

21h
GARAPA -
José Padilha (Brasil, 110 min, 2008, doc)

Classificação indicativa: 12 anos


16/10 – SEXTA-FEIRA
15h
YÃKWÁ, O BANQUETE DOS ESPÍRITOS -
Virgínia Valadão (Brasil, 54 min, 1995, doc)

A ARCA DOS ZO’É - Dominique Tilkin Gallois, Vincent Carelli (Brasil, 22 min, 1993, doc)
O ESPÍRITO DA TV -
Vincent Carelli (Brasil, 18 min, 1990, doc)
Classificação indicativa: livre

17h
SENTIDOS À FLOR DA PELE -
Evaldo Mocarzel (Brasil, 80 min, 2008, doc)
PUGILE - Danilo Solferini (Brasil, 21 min, 2007, fic)

Classificação indicativa: livre


19h
TAMBÉM SOMOS IRMÃOS -
José Carlos Burle (Brasil, 85 min, 1949, fic)

Classificação indicativa: livre

21h
UNIDADE 25 -
Alejo Hojiman (Argentina / Espanha, 90 min, 2008, doc)
COCAIS, A CIDADE REINVENTADA - Inês Cardoso (Brasil, 15 min, 2008, doc)

Classificação indicativa: 16 anos


17/10 – SÁBADO
14h
TRAGO COMIGO – Parte 1 (capítulos 1 e 2) -
Tata Amaral (Brasil, 96 min, 2009, doc/fic)

Classificação indicativa: 16 anos

16h
TRAGO COMIGO – Parte 2 (capítulos 3 e 4) -
Tata Amaral (Brasil, 96 min, 2009, doc/fic)

Classificação indicativa: 16 anos

18h
BAGATELA – A NECESSIDADE TEM CARA DE CACHORRO -
Jorge Caballero (Colômbia / Espanha, 74 min, 2008, doc)
MENINO ARANHA - Mariana Lacerda (Brasil, 13 min, 2008, doc)
MENINOS - Gonzalo Rodríguez Fábregas (Uruguai, 14 min, 2008, doc)

Classificação indicativa: 12 anos


20h
ENTRE A LUZ E A SOMBRA -
Luciana Burlamaqui (Brasil, 150 min, 2007, doc)

Classificação indicativa: 16 anos


18/10 – DOMINGO
16h
O CAVALEIRO NEGRO
-
Ulf Hultberg, Åsa Faringer (Suécia / México / Dinamarca, 95min, 2007, fic)

Classificação indicativa: 14 anos

18h
HISTÓRIAS DE DIREITOS HUMANOS –
vários diretores (diversos países, 84 min, 2008, doc/fic)

Classificação indicativa: 16 anos

20h – Audiodescrição
NÃO CONTE A NINGUÉM -
Francisco J. Lombardi (Peru / Espanha, 120 min, 1998, fic)

* Sessão com audiodescrição para público com deficiência visual

Classificação indicativa: 18 anos


19/10 – SEGUNDA-FEIRA
15h – Audiodescrição
O SIGNO DA CIDADE -
Carlos Alberto Riccelli (Brasil, 96 min, 2007, fic)

* Sessão com audiodescrição para público com deficiência visual

Classificação indicativa: 16 anos

17h
ESSE HOMEM VAI MORRER - UM FAROESTE CABOCLO -
Emilio Gallo (Brasil, 75 min, 2008, doc)
CONTRA-CORRENTE - Agostina Guala (Argentina, 9 min, 2008, fic)
PARTIDA - Marcelo Martinessi (Paraguai, 14 min, 2008, fic)

Classificação indicativa: 16 anos

19h CINECLUBE CURTA CIRCUITO

21h
TAMBORES DE ÁGUA: UM ENCONTRO ANCESTRAL -
Clarissa Duque (Venezuela / Camarões, 75 min, 2008, doc)
ALÉM DE CAFÉ, PETRÓLEO E DIAMANTES - Marcelo Trotta (Brasil, 15 min, 2007, doc)
TARABATARA - Julia Zakia (Brasil, 23 min, 2007, doc)

Classificação indicativa: livre

www.cinedireitoshumanos.org.br

* O formato de exibição dos filmes é DVCAM.