domingo, 28 de fevereiro de 2010

Varones!: vintage antique affectionate male men couple

O Tomaz compartilhou com a galera dois links super legais sobre fotografia. Dois trabalhos de bom gosto, mostrando afetividade entre homens.

Olha o que ele mesmo disse:

Oi pessoas do Gudds!,

estou encaminhando uma coletânea de fotos chamadas Varones, nas próprias palavras deles são fotos que mostram "vintage antique affectionate male men couple". Deem uma olhada, é bem interessante. Não tem nada de mais, mas algumas são realmente bonitas. Achei que seria especialmente interessante pra um trabalho da representação de homoerotismo nas artes.

Segue em Fotolog e em Flickr pra quem quiser conferir:
http://www.fotolog.com.br/varones/ ou http://www.flickr.com/photos/varones_love/

Dê uma passada lá, vale a pena! Veja abaixo algumas fotos retiradas do Flickr, só como aperitivo:






Prisão e pena de morte para gays em Uganda

Sabemos que isso já rolou em várias listas de e-mails dentro e fora da comunidade LGBT, mas nunca é tarde para lembrar que a intolerância está por aí, firme e forte. Vejam esse apelo da Avaaz (e saiba mais sobre a organização lá embaixo neste post), saibam mais e repassem:

O parlamento da Uganda está se preparando para passar uma nova lei brutal, que punirá gays com sentenças de prisão e até pena de morte.

Críticas internacionais levaram o presidente a pedir uma revisão da lei, mas após forte lobby por extremistas, a lei parece estar pronta para votação -- ameaçando gerar perseguição e derramamento de sangue.

Oposição à lei está crescendo, inclusive da Igreja Anglicana. O ativista de direitos gays na Uganda, Frank Mugisha, diz que "Esta lei nos colocará em grande perigo. Por favor, assine a petição e diga a outros para se juntarem a nós. Caso haja uma grande resposta global, nosso governo verá que a Uganda será isolada no cenário internacional, e não passará a lei".

A lei propões prisão perpétua para qualquer um acusado de ter uma relação com alguém do mesmo sexo, e pena de morte para quem cometer esse "crime" mais de uma vez. ONGs que trabalham para impedir maior contaminação por HIV podem ser condenadas a até 7 anos de prisão por "promover homossexualidade". Outras pessoas podem ser condenadas a até 3 anos de prisão por deixarem de avisar as autoridades da existência de atividades homossexuais dentro de 24 horas!

Quem apoia o projeto de lei diz defender a cultura nacional, mas uma das maiores oposições vem de dentr do próprio país. O Reverendo Canon Gideon Byamugisha é um dos muitos que nos escreveram - ele disse que essa lei:

"Está violando a nossa cultura, tradição e valores religiosos que não apoiam intolerância, injustiça, ódio e violência. Nós precisamos de leis para proteger as pessoas, não para perseguí-las, humilhá-las, ridicularizá-las e matá-las em massa."

Ao rejeitar essa perigosa lei e apoiar a oposição nós podemos ajudar a criar um precedente crucial. Vamos ajudar a criar um apoio em massa aos defensores de direitos humanos na Uganda, e salvar a vida de muitos ao impedir que essa lei passe!

SOBRE A AVAAZ

Avaaz.org é uma organização independente sem fins lucrativos que visa garantir a representação dos valores da sociedade civil global na política internacional em questões que vão desde o aquecimento global até a guerra no Iraque e direitos humanos. Avaaz não recebe dinheiro de governos ou empresas e é composta por uma equipe global sediada em Londres, Nova York, Paris, Washington DC, Genebra e Rio de Janeiro. Avaaz significa "voz" em várias línguas européias e asiáticas. Para entrar em contato com a Avaaz, escreva para info@avaaz.org. Você pode nos telefonar nos números +1-888-922-8229 (EUA) ou +55 21 2509 0368 (Brasil).

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

100 anos do 8 de Março, Dia Internacional das Mulheres

Tem convite da Marcha Mundial das Mulheres para todas as belo-horizontinas (e belo-horizontinos também, porque não?) =)

Lançamento da Ação Internacional da MMM - 100 anos do 8 de Março

Programação:

09:00 - 12:00 - Preparação da delegação para a Ação 2010
14:00 - Debate 100 anos do 8 de março
Convidadas: Tatau Godinho (Marcha Mundial das Mulheres)
e companheiras da região metropolitana de Belo Horizonte
16:30 - Show com Carla Gomes e Feira Feminista

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Big Brother Brasil todo trabalhado nas polêmicas II

Vejamos agora outro texto, este retirado do blog da Mary W, que, apesar de escrever muito bem, aflige um pouco com essa falta de parágrafos e essa pontuação à la Saramago. Mas né, o texto é muito bom e discute a campanha feita na internet pela eliminação da participante Ana Angélia, a Morango, do BBB 10 e, por outro lado, a campanha feita internacionalmente para eliminar Dourado do mesmo programa.
Veja aí abaixo (também compartilhado via lista):

Movimento gay, BBB e repercussão internacional

Eu tratei BBB com tanto carinho durante todos esses anos. Por isso me sinto quase na obrigação de dizer alguma coisa sobre a eliminação da Morango. Primeira lésbica assumida do programa. Sobre a trajetória dela, não tenho muito a dizer. Eu não tô assistindo à décima edição e não vi o point of no return que ela teve. Acompanhei um pouco pela internet, entretanto, a violência da "campanha" de eliminação. Fiquei chocada, como todo mundo. Como ícone lésbico, considero que ela fez e fará um ótimo papel. Ela bem bonita, um pouco articulada e tem aquele bom humor e aquela risada. Bem vinda, sente-se ali, abaixo da Shena. Bem abaixo. Mas sente-se. Meu desapontamento com ela se deu por conta da amizade dela com o Dourado. Não tenho elementos pra dizer que a ruptura a redimiu. Já disse. Parei de assistir. O que ficou pra mim foi a mobilização mesmo. Eu fico com pé atrás e acho super perigoso o movimento gay chamar no peito essas coisas. Já falei sobre isso no post sobre a enquete do Senado e mantenho aqui a opinião. Mas eu gostei da ação nesse caso específico. É um movimento social interessante esse. Porque ele faz uso de todas as brechas, capta a reação popular, embarca junto. Eu sou meio moderna demais e prefiro as ações em instâncias mais legítimas. Mas não tem medo esse movimento. Medo de nada. Vocês estão putos com o Dourado? Nós vamos com vocês. O movimento feminista não consegue fazer isso. Arregalei os olhos quando vi as Riot Grrrrls pela primeira vez, mas noto que elas também se tornaram modernas. O movimento gay chega junto. Que merda é esse tal de jornal Meia Hora? Quem já ouviu falar dele? Qual é a relevância dele em qualquer debate? NENHUMA. Mas não importa. A capa foi linkada twitter afora. Incomodou gays e lésbicas do Brasil. Então, o movimento vai lá. E faz tudo. Solta nota de repúdio, se oferece para treinamento. Como se fosse assim. A Folha de São Paulo. Claro que todo movimento social tem que ter uma agenda. E a gente sabe que o movimento gay tem e a gente até conhece parte da agenda. Mas é absolutamente incrível perceber isso. Como ele deixa que os potenciais militantes influenciem na agenda.Nós estamos parados, votando contra Marcelo Dourado. Isso é tão tolerante e flexível. É tão século XXI. Contrasta demais com o movimento feminista* que já temagenda tão pronta. E hoje eu acordo e vejo todo um clima de derrota do movimento. E eu pensei "mas que merda é essa?". É tão óbvio que foi um sucesso. E que baixamos o percentual de maneira incrível. E que a "oposição" só está fazendo uma coisa: dizendo que não é homofóbica e que tem um amigo gay. Mudamos tudo. Estamos todos fora do armário, dizendo: "Saiam, homofóbicos". Esse movimento é tão intenso. E sempre inventa uma. Porque isso de mobilizar pra votar, ele já tinha feito. Mas aí alguns militantes inventaram uma nova. Avisar o movimento gay do mundo inteiro. E aí tentar alguma repercussão**. Eu acabei morrendo de rir quando li isso. Fiquei com vontade de legendar o vídeo. Que movimento é esse que leuPierre Lévy certinho. E sabe tudo de internet. O movimento fazendo chover em inovação. E escuta o que de volta? "Bigoduda". Hahahahahaha. Alguém avisa pra esse pessoal todo trabalhado na homofobia que insultos são uma espécie de combustível pra militância. E a gente passa a entender o medo que eles tem de nós. Eles falam, né? "Se o movimento gay se unir, eles ganham, porque eles são muito fortes". Eu passo a vida fazendo q pra comentários desse tipo. Mas cada vez mais entendo. A inteligência está do lado do nosso movimento. A filosofia e todo o pensamento caminha conosco. Nós temos a ironia e eles tem aquele humor chulo, que nem sequer faz sentido. Bigoduda. Eles tem a violência e nós temos essa mobilização viral. Eles tem o mau gosto, eles não sabem nem usar photoshop pra colocar bigodes em morangos. Então eu não ia falar nada sobre a eliminação da Morango. Mas tenho que falar. De como eu tinha ficado deprimida com esse programa. Eu estou, ainda, muito triste, mas o movimento não está. Ele está on fire!. E eu só posso agradecer. Eu só queria agradecer. Prometo cada vez mais respeitar suas táticas, movimento gay. Tem alguém aqui pronto para o século XXI. E não sou eu.

Advocate.com também lamenta. Hahahahahaha.

Outro
link aqui. Da tentativa de internacionalização da questão.

E outro link do Advocate (antes do paredão).

*Quero deixar claro que eu gosto mais do movimento feminista do que eu gosto de mim.

**Eu fiquei sabendo dessa tentativa derepercussão internacional graças à Tata.

Big Brother Brasil todo trabalhado nas polêmicas I

Acredito que nenhuma outra edição do BBB (altuamente em sua décima temporada) superou esta em matéria de polêmicas e mobilização ("pena que ninguém se mobiliza assim para a política", como disse uma colega no Twitter).
O bapho todo atende pelo nome de Marcelo Dourado e, por incrível que pareça, conseguiu despertar tanto amor e ódio nas pessoas quanto clássicos de futebol. Tudo porque, em suas declarações, o participante já mostrou não ser lá muito tolerante com gays (a.k.a. homofóbico) - assim sendo, a gente não poderia deixar de se manifestar de alguma forma (vale até votar para ele sair do programa, ok?).
Senão, vejamos um post compartilhado via lista hoje, retirado do blog Excessao:

A falácia do orgulho heterossexual e da heterofobia

Na tentativa de justificar o injustificável e de defender o indefensável (leia-se Marcelo Dourado), temos visto inúmeras pessoas - artistas e famosos inclusive - lançando mão das idéias de "orgulho heterossexual" - do qual o participante do BBB10 seria um representante - e da "heterofobia" - da qual ele seria vítima. Ora, tais conceitos são totalmente inconsistentes e vazios.

Afirmam alguns que as atitudes grosseiras, sexistas e machistas de Dourado significam que ele é "assumidamente heterossexual" . E a pergunta que daí resulta é: desde quando alguém precisa assumir-se como heterossexual? Vivemos em uma sociedade na qual a heterossexualidade é presumida, é o padrão de comportamento esperado - para não dizer exigido. Ou seja: em princípio, todos nascem heterossexuais, sem precisar assumir essa condição. Toda a vida social encaminha os indivíduos nessa direção: uma vida normal significa relacionar-se com o sexo oposto, casar e ter filhos.

Assim, não existe necessidade alguma de que um heterossexual assuma-se como tal. Assumir-se como gay, sim, faz sentido, pois significa declarar-se como "fora do padrão instituído". Mas fazer questão de declarar-se heterossexual é evidente necessidade de auto-afirmação ou, pior, fruto de uma visão preconceituosa de quem teme ver sua heterossexualidade questionada por considerar a homossexualidade como algo lastimável. Aliás, se houvesse necessidade de um heterossexual assumir-se, será que isso deveria ser feito por meio da agressividade, da ofensa e da inferiorização dos diferentes? É isso que significa ser heterossexual, então?

Quando se fala em "orgulho heterossexual" , a pergunta que surge é: por que um heterossexual deveria orgulhar-se de sua condição? Será motivo de orgulho seguir o padrão estabelecido pela sociedade? Que mérito existe em ser uma coisa que não se escolheu e que não apresenta obstáculo ou dificuldade alguma para a pessoa? Ou será que o tal "orgulho" é na verdade arrogância de quem se sente superior por fazer parte da maioria? Maioria essa que, ao longo da história, oprimiu, humilhou e privou de direitos a minoria homossexual. Onde estão, afinal, os motivos do orgulho heterossexual?

Alguns querem, ainda, chamar de heterofobia o comportamento daqueles que denunciam os absurdos contidos na fala e no comportamento de Dourado. Essa afirmação é permeada de um cinismo sórdido, uma clara tentativa de transformar em vítima quem na verdade é vilão desde sempre. Nunca se ouviu falar de um heterossexual que tenha sido prejudicado, humilhado ou menosprezado por não ser gay. Indo além: nunca se ouviu falar de um heterossexual que tenha sido espancado e assassinado por não ser gay. O conceito de heterofobia - que significaria a aversão e perseguição aos heterossexuais por parte dos gays - é algo que nunca existiu, mesmo que os gays tenham muitos motivos para temer os heterossexuais por toda a opressão exercida por eles ao longo dos séculos...

A verdade é que muitos vêem em Marcelo Dourado uma possibilidade de dar vazão a seus sentimentos preconceituosos que, com o avanço da causa gay, começam a ser socialmente combatidos - ainda que com muito custo. A idéias de orgulho heterossexual e de heterofobia não passam de embustes criados para camuflar e ocultar o mesmo antigo ódio contra as minorias sexuais. Muda-se o discurso, mas o ódio e o preconceito continuam os mesmos. Precisamos estar alertas para não cairmos nesse tipo de armadilha, pois há até mesmo gays que, enganados por essas mentiras, passam a defender idéias e pessoas que agem explicitamente contra eles próprios.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Semana Cultural Igor Xavier 2010 quase não acontece

Pois é - por pouco, quase não rola a Semana Cultural Igor Xavier, realizada todos os anos pela Associação Sociocultural “Igor Vive”, de Montes Claros.
De acordo com carta aberta enviada por Marlene Xavier, mãe de Igor e presidente da entidade, tudo se deu porque a Secretaria de Cultura de Montes Claros não quis que o evento acontecesse no Centro Cultural de Montes Claros, espaço que sempre abrigou a Semana desde 2005.
Leia abaixo a carta e repasse - só para lembrar, Igor Xavier era ator, bailarino e coreógrafo, tendo sido assassinado em 1º de março de 2002. Os assassinos fugiram para Belo Horizonte e até hoje estão impunes, mesmo sendo réus confessos.


CARTA ABERTA

A SEMANA CULTURAL IGOR XAVIER, evento já consolidado no cenário artístico/cultural de Montes Claros, já em sua 6ª edição e hoje contando com o apoio do Banco do Nordeste pelo programa BNB DE CULTURA, esteve em vias de não ser realizado por falta de espaço físico com estrutura para eventos de tal porte. Felizmente o SESC-Montes Claros abriu suas portas e nos acolheu. O SESC possui instalações perfeitas, organização, beleza e direção que prima pela responsabilidade; além de tudo isso, tem o perfil da nossa Semana de cultura.
Desde 2005 a SEMANA CULTURAL vem sendo realizada no Centro Cultural de Montes Claros sempre na mesma data (08 a 15 de março) pois além de oferecer espetáculos de qualidade a toda a população, ainda ministra oficinas na área cultural e social, uma vez que nesse período almeja-se homenagear o artista montesclarense Igor Xavier, assassinado em março de 2002 e que tinha o seu aniversário de vida no dia 15 de março.
O evento tem crescido a cada ano, trazendo artistas dos quatro cantos do país e estes por sua vez levam a nossa cultura aos seus estados de origem num maravilhoso intercâmbio cultural, valorizando infinitamente “nossa arte e nossa gente”.
Infelizmente, neste ano, (2010) a Secretaria de Cultura de Montes Claros optou por não ter a Semana de Cultura Igor Xavier acontecendo nas dependências da galeria Godofredo Guedes e do auditório Cândido Canela.
Em 23 de outubro de 2009 encaminhamos ofício de solicitação dos espaços do Centro Cultural Hermes de Paula em três vias endereçados respectivamente ao Secretário Municipal de Cultura Sr. Ildeu Braúna, ao Secretário Adjunto de Cultura Sr. Lipa Xavier e à diretora do Centro Cultural Sra. Rita Maluf.
Como não fomos merecedores de nenhum tipo de resposta, apesar da nossa insistência, procuramos os responsáveis que nos disseram estar o teatro em reforma e que ficando pronto seria utilizado para outro evento.
Entendemos que cultura não é prioridade da atual administração. Para esse tipo de governo o povo só precisa de “PÃO E CIRCO”.
Lamentamos profundamente que nossa querida Montes Claros que luta desesperadamente para se projetar no cenário cultural, pelo menos nacional, tenha voltado ao coronelismo.


Marlene Xavier
Mãe de Igor Xavier e presidente da Associação Sociocultural “Igor Vive”

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Beyoncé, a ala Vip e o racismo institucional

Essa veio compartilhada pelo Daniel Arruda, via lista, e vale a pena! O autor é o doutor em Antropologia e coordenador do Programa de Pós Graduação em Estudos Étnicos e Africanos da UFBA, Jocélio Teles:

Beyoncé, a ala Vip e o racismo institucional

Por Jocélio Teles
Provocado pela mídia me desloquei com um amigo para o show de Beyoncé no Parque de Exposições. Havíamos comprado ingressos para a pista Vip, área restrita a quem pagasse R$ 370. Enquanto assistíamos ao show de Ivete Sangalo veio um exemplo de racismo institucional. Uma guarnição da Polícia Militar abruptamente abordou o meu amigo, circundando-o e já levando-o de modo truculento, sem nada perguntar.

Ao me aproximar para saber o que estava acontecendo, os soldados me afastaram. A resposta do corpo policial traduziu força e ameaça, mesmo que implícita, sem nenhum texto, a não ser o gestual, e demonstrou que não há verbo capaz de estabelecer um diálogo entre sujeitos que detém e os que devem ser alijados de alguma relação com aqueles que personificam o poder.

O meu amigo estupefato não reagiu. Foi levado para um canto da pista VIP, próximo aos holofotes e humilhado pela revista policial, como se estivesse cometido um delito. Por fim, após a crueldade de todo o rito da PM, ouviu a seguinte frase: “houve um roubo aqui na área VIP e soube que a pessoa era do seu estilo”. Qual estilo, cara pálida? Respondo: o da cor/raça. Meu amigo é negro retinto.

A área VIP era formada majoritariamente por indivíduos de classe média e branca. Se comparada com a área de pista mais barata, ali havia uma proteção policial considerável, mesmo sendo uma área reservada e sem grande fluxo de pessoas. A lógica da distribuição policial em espaços de eventos elitizados parece obedecer a critérios. Quais? Procuremos os sentidos implícitos, já manifestos na distribuição desigual da PM na cidade do Salvador.

Diante desse fato de racismo explícito, o que dizer dos olhares das pessoas diante de tal brutalidade? Ao ver um negro sendo levado por policiais, mesmo ele estando na área VIP, algo que indica um diferencial em termos de classe, um sentimento de proteção emana das cabeças ali situadas.

A naturalização do racismo – uma pessoa negra sempre é suspeita – associa-se aos que imaginam estarem sempre sendo protegidos pela corporação militar. Exemplos como esse abundam no País. O diferencial é que foi na ala VIP de um show. Lembro-me que no debate sobre as cotas raciais nas universidades os que eram contrários insistiam em dizer que no Brasil era difícil definir quem é negro. A resposta dos ativistas atualizou-se na área VIP para ver Beyoncé: “pergunte a polícia. Ela saberá”.

Jocélio Teles é doutor em antropologia e coordenador do Programa de Pós Graduação em Estudos Étnicos e Africanos da Ufba (Pós Afro)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Exposição fotográfica Visibilés - Lésbicas de Olho nos 50 anos da Capital!



Tem uma câmera aí, amiga?

Compartilhado pela Mariana Septímio, que garante: "Conheço de perto a Coturno de Vênus, com toda certeza é um trabalho sério".
Gostou? Então 'bora ler o edital direitinho! A abertura da mostra será no dia 17 de abril:

olá a todas ,

Para iniciarmos nossas atividades de 2010, preparamos a 1ª Visibilés.
Serão diversas exposições fotográficas, mostrando nossa visão a respeito do aniversário de Brasília: O que nós Lésbicas estamos vendo e vivenciando no nosso dia a dia que a mídia não mostra?

Queremos ser vistas e ouvidas em nossas ações. Mais possibilidades devem nos ser possiveis.
Não vendaremos nossos olhos, não nos venderemos por festas e distribuições de dinheiro.

Reaja ou serás devorada pelo sistema.

Envie suas fotos até 29/03/2010, regulamento e ficha de inscrição no site http://coturnodevenus.org.br/visibiles_ficha.doc

Diretoria Colegiada

Associação Lésbica Feminista de Brasília Coturno de Vênus
55 61 8194.7491 ou 3381.2229
cx postal 3546 . 700089-970
Brasília - DF. Brasil
www.coturnodevenus.org.br

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Stonewall, por Mary W: BBB, preconceito e heterofobia

Quem está acompanhando o BBB10, na Rede Globo (confessa, vai... eu sei que você assiste também!) sabe do quiproquó que o participante Marcelo Dourado está causando com seu jeitão "orgulho-hétero-sim-senhor", dentro de uma casa com três gays (assumidos - porque os que estão no armário, vai saber...). Amado por uns e odiado por outros, o certo é que ele é forte concorrente a ganhar o milhão e meio oferecidos de prêmio nesta edição. Sabe como é, falem mal, mas falem de mim.
Bom, sem mais delongas, compartilhamos com vocês texto enviado para a lista de discussão por Erika Pretes, que, por sua vez, o reproduziu daqui.

Stonewall

A questão do Dourado não é quem ele é. Isso é um problema dele e a gente sente que o cara tenta ser reflexivo e se arrepende da arrogância etc. A questão, pra mim, foi a rápida identificação de uma parcela do público com ele. Sem que ele tenha feito nada pra merecer, na primeira semana de programa todo mundo já estava torcendo pelo cara. Como o script da Globo nesse caso foi óbvio, a gente imagina o porquê da identificação. Ele entrou na casa por conta do comportamento homofóbico apresentado no BBB4. E a produção deve ter achado que seria interessante tê-lo como ingrediente e tal. O caso é que o público rapidamente o colocou como porta-voz. Como se tanta gayzice precisasse mesmo de um combatente etc. A reação foi histérica. Um tanto ridícula. No forinho, um amigo disse que as mulheres estavam úmidas e que devia ser isso. Eu pensei que vivemos na sociedade do espetáculo e que as subcelebridades tem um status enorme e mobilizam uma parcela significativa da população. Teoria da cauda longa aplicada, vemos ex-bbbs que ainda possuem fã-clube, comediantes de 5a categoria nos trending topics e atriz pornô convertida com vídeo hypado no youtube. Estou dizendo isso porque dei esse desconto. Tentei. Mas não dá. Tem coisas que vão além. A discussão sobre homofobia, então, ganhou o contorno mais preconceituoso do mundo. Quando dizem que deveria existir uma camiseta 100% branco. Mesma lógica. Começaram a dizer que o Dourado era vítima de heterofobia. Olha. Essa palavra é tão cruel que eu queria passar o programa todo sem tocar nela. É preciso que alguém seja um autêntico canalha para usá-la. É preciso que a pessoa nunca tenha lido uma droga de um livro de sociologia ou filosofia. É preciso que o significado do conceito de relativização seja completamente ignorado. Não existe heterofobia porque nós vivemos num mundo heterocentrado. Todos os valores e fundamentos tentam reforçar, pra todos nós, a sacralidade do casal heterossexual. Não existe vida fora da heterossexualidade. Um hetero não corre o risco de perder o emprego por conta de orientação. Um hetero não tem que esconder desejos, sentimentos e relacionamentos. Não existe um ambiente hostil para a heterossexualidade. Não existe a zombaria e os olhares. As piadas e insinuações. Quando uma colega sua é zoada na base do será que ela é? a resposta vem rápida "tá me estranhando", "deus me livre", "credo". Quantos "credo" um gay escuta por dia em referência à orientação sexual? "Que desperdício fulana ser lésbica". Quando eu vi que a Globo ia colocar a questão no BBB, sabia que ia dar merda. A emissora não sabe lidar com a questão e o programa é francamente emocional. Dourado perdeu voto hoje? De jeito nenhum. Ganhou voto hoje. Ele falou o que tá entalado na garganta de todo mundo: nós não temos moral. Imagina uma drag dar em cima de um macho? Falta de moral. Isso, my friend, é ambiente hostil. E nós não somos apenas gays. Nós estamos dentro de um movimento. Fazemos parte de uma luta. Uma das etapas fundamentais da nossa luta foi a construção da nossa subcultura. Não há lugar pra gente no mundo. Fomos construindo um lugar. Vida fora da heterossexualidade. E não construímos um gueto. Montamos um imaginário poderoso que é um pilar na desconstrução do preconceito. A rua Augusta está aí. Lady Gaga está aí. As performances do estão aí. Toda a arte Serginhohomoerótica está aí. As drags queens estão aí pedindo passagem. Oscar Wilde é um símbolo. Shena e The L Word também. The Week e a A Lôca. Tem como ser gay e não dar pinta? Opa. Mas não tem como ser gay e não participar dessa subcultura. O S, do GLS, vem das pessoas heteros que curtem essa subcultura. No programa da TV, o Dourado se mostrou extremamente INCOMODADO com essa subcultura. Com todas as referências. Ele senta, durante as festas, quando toca "música de viado". Homofobia não é apenas atacar gay. É preciso ser um completo tapado pra não perceber as camadas do preconceito e quando ele é sutil. Como o Dourado não bateu no Dicésar, ele não é homofóbico. Faça-me o favor. A negação da nossa subcultura é homofobia. Você não tem espaço no meu mundo e eu odeio o mundo que você construiu. Não tem por onde. Tudo relativo ao mundo GLS incomodou o cara. Mas ele é reflexivo. Não considero um vilão. Acho que vem bem no programa. Ele escuta, pondera etc. O problema, repito, não é ele. É quem torce por ele. Porque a intenção é clara. Baixar a viadagem do programa. E aí não podemos ficar calados. Queria ficar o BBB todo sem tocar nesse assunto. Nunca vou considerar que a cultura de massas dá conta disso. Eu já sabia que do BBB não sairia um mundo mais tolerante. Eu só não esperava que a intolerância fosse vir em forma de avalanche e, pior, covardemente mascarada. Ele pode ganhar 1,5 milhão? Pode. Pode ganhar 15 milhões. Milhares de homofóbicos estão por aí, enchendo o rabo de dinheiro. Não faz diferença para a nossa luta. Não somos maioria nem queremos ser. Vamos continuar fazendo o que sempre fizemos. Fortalecendo a nossa auto-estima através da nossa subcultura. Buscando visibilidade através das nossas paradas. Criando redes de proteção para aqueles que ficam desamparados por conta da discriminação. O que deve ficar claro, eu acho, é que nós já esperávamos. A cada conquista sentimos a reação conservadora. Entrar no BBB tem uma conotação de conquista. Então veio a reação. Mas que venha. Não é o primeiro ataque que sofremos. Não será o último. E nós não temos mais medo. Podem gritar bastante. Podem soltar foguetes. Nós somos gays. Nós estamos aqui. Acostumem-se com isso.

Tô pensando muito no Dicésar, sabe? Em como ele está se sentindo. Depois, na varanda, ele não falou diretamente no assunto. Falou que já passou por tanta coisa em boates e tal. Nossa. Como ele nao merecia isso em rede nacional. Essa reação de asco e nojo. Ser amado por ele se tornar um desvio de caráter. E ele que nem ama. Passar por isso por conta de uma piada. Ser agredido daquela forma. Chorei um monte por conta disso.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Inscrições Abertas para o Concurso de Talentos LGBT de Contagem

Diversão e arte, para qualquer parte! Check it out:


"Companheir@s,

Iniciaremos em Fevereiro uma busca de Talentos LGBT em Contagem visando a promoção da Cidadania de nossa Comunidade e também a democratização da escolha das atrações do nosso Ato de maior visibilidade, a Parada do Orgulho LGBT de Contagem.

E não termina por ai: o ganhador ou ganhadora ainda será contratado(a) pela Boate Alternativa Mix Club.

As inscrições estão abertas no site do Cellos Contagem pelo link Parceria Alternativa (olha o formulário aqui, ó).

Lembrando que as apresentações serão todos os domingos até julho, a partir das 16h, na Alternativa Mix Club.

(A renda da portaria será revertida para o CELLOS-Contagem)

Quem puder, divulgue para os Talentos de suas listas!!!

Participe, contribua e se divirta!!!

Informações sobre o concurso: (31) 3022-0790"