quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Big Brother Brasil todo trabalhado nas polêmicas I

Acredito que nenhuma outra edição do BBB (altuamente em sua décima temporada) superou esta em matéria de polêmicas e mobilização ("pena que ninguém se mobiliza assim para a política", como disse uma colega no Twitter).
O bapho todo atende pelo nome de Marcelo Dourado e, por incrível que pareça, conseguiu despertar tanto amor e ódio nas pessoas quanto clássicos de futebol. Tudo porque, em suas declarações, o participante já mostrou não ser lá muito tolerante com gays (a.k.a. homofóbico) - assim sendo, a gente não poderia deixar de se manifestar de alguma forma (vale até votar para ele sair do programa, ok?).
Senão, vejamos um post compartilhado via lista hoje, retirado do blog Excessao:

A falácia do orgulho heterossexual e da heterofobia

Na tentativa de justificar o injustificável e de defender o indefensável (leia-se Marcelo Dourado), temos visto inúmeras pessoas - artistas e famosos inclusive - lançando mão das idéias de "orgulho heterossexual" - do qual o participante do BBB10 seria um representante - e da "heterofobia" - da qual ele seria vítima. Ora, tais conceitos são totalmente inconsistentes e vazios.

Afirmam alguns que as atitudes grosseiras, sexistas e machistas de Dourado significam que ele é "assumidamente heterossexual" . E a pergunta que daí resulta é: desde quando alguém precisa assumir-se como heterossexual? Vivemos em uma sociedade na qual a heterossexualidade é presumida, é o padrão de comportamento esperado - para não dizer exigido. Ou seja: em princípio, todos nascem heterossexuais, sem precisar assumir essa condição. Toda a vida social encaminha os indivíduos nessa direção: uma vida normal significa relacionar-se com o sexo oposto, casar e ter filhos.

Assim, não existe necessidade alguma de que um heterossexual assuma-se como tal. Assumir-se como gay, sim, faz sentido, pois significa declarar-se como "fora do padrão instituído". Mas fazer questão de declarar-se heterossexual é evidente necessidade de auto-afirmação ou, pior, fruto de uma visão preconceituosa de quem teme ver sua heterossexualidade questionada por considerar a homossexualidade como algo lastimável. Aliás, se houvesse necessidade de um heterossexual assumir-se, será que isso deveria ser feito por meio da agressividade, da ofensa e da inferiorização dos diferentes? É isso que significa ser heterossexual, então?

Quando se fala em "orgulho heterossexual" , a pergunta que surge é: por que um heterossexual deveria orgulhar-se de sua condição? Será motivo de orgulho seguir o padrão estabelecido pela sociedade? Que mérito existe em ser uma coisa que não se escolheu e que não apresenta obstáculo ou dificuldade alguma para a pessoa? Ou será que o tal "orgulho" é na verdade arrogância de quem se sente superior por fazer parte da maioria? Maioria essa que, ao longo da história, oprimiu, humilhou e privou de direitos a minoria homossexual. Onde estão, afinal, os motivos do orgulho heterossexual?

Alguns querem, ainda, chamar de heterofobia o comportamento daqueles que denunciam os absurdos contidos na fala e no comportamento de Dourado. Essa afirmação é permeada de um cinismo sórdido, uma clara tentativa de transformar em vítima quem na verdade é vilão desde sempre. Nunca se ouviu falar de um heterossexual que tenha sido prejudicado, humilhado ou menosprezado por não ser gay. Indo além: nunca se ouviu falar de um heterossexual que tenha sido espancado e assassinado por não ser gay. O conceito de heterofobia - que significaria a aversão e perseguição aos heterossexuais por parte dos gays - é algo que nunca existiu, mesmo que os gays tenham muitos motivos para temer os heterossexuais por toda a opressão exercida por eles ao longo dos séculos...

A verdade é que muitos vêem em Marcelo Dourado uma possibilidade de dar vazão a seus sentimentos preconceituosos que, com o avanço da causa gay, começam a ser socialmente combatidos - ainda que com muito custo. A idéias de orgulho heterossexual e de heterofobia não passam de embustes criados para camuflar e ocultar o mesmo antigo ódio contra as minorias sexuais. Muda-se o discurso, mas o ódio e o preconceito continuam os mesmos. Precisamos estar alertas para não cairmos nesse tipo de armadilha, pois há até mesmo gays que, enganados por essas mentiras, passam a defender idéias e pessoas que agem explicitamente contra eles próprios.

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