quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Homofobia e Geisy Arruda

Dia desses, um dos colaboradores do Gudds!, o Leandro Hespanhol, mandou para a lista de discussões um texto de mau (péssimo) gosto, chamado "Pela dona da universidade" publicado em um jornal do Norte de Minas. O dito texto comentava, de forma machista e debochada, o acontecido à Geisy Arruda na Uniban e, ainda por cima, dizia que se ela sofreu o que sofreu, é porque ali só tem "boiola desbundado, porque só bichinha desprovida de traseiro, instrução e bom senso teria comportamento tão histérico diante de tamanha abundância." Pode uma coisa dessas? Ah, "seu" José Wilson Santos...!
Então, a nossa outra colaboradora, a Jane Badaró, resolveu colocar os pingos nos i's e não deixou barato: escreveu um super texto e remeteu, via e-mail, para o autor - veja a reprodução abaixo:

Olá,
Li seu texto no "O norte de minas" e fiquei pensando em algumas coisas. O senhor acusa de homossexuais as pessoas que chamaram a Geise Arruda de puta. Eu sou membro do GUDDS! (Grupo Universitário em Defesa da Diversidade Sexual) e na semana passada realizamos na Praça da Liberdade em Belo Horizonte uma manifestação em protesto ao ocorrido. Mulheres e homens vestiram saias e propomos um debate com as pessoas que estavam na praça. Participaram gays, lésbicas e heterossexuais. Gostaria de destacar que muitos homossexuais também estão indignados com o que aconteceu com a Geise Arruda, a violência sofrida, difamação e ódio, é sofrida por muitos homossexuais e bissexuais todos os dias em nosso país. Achei muito injusto da sua parte não reconhecer que quem xingou a Geise e a fez sentir tanto medo, foram homens e mulheres, independente da orientação sexual de cada um em particular.
O senhor pergunta em um trecho "até no sacrossanto espaço universitário, que deveria comportar todas as tendências (principalmente uma ‘tendençona’ daquela), pode pintar tamanha baixaria?", gostaria de responder-lhe que no laico espaço da universidade uma forte tendência é o surgimento de grupos LGBT formados por jovens estudantes, assim como o grupo do qual faço parte.
Em outro trecho o senhor afirma "quem deveria ter sido expulsa da universidade, na chincha, era aquela turma de frosôs. Depois, mandados com passagem só de ida pra tonga da mironga do cabuletê, pra fazerem curso de reciclagem em mulher.", parece que o senhor acredita que os homossexuais devem se tornar heterossexuais, mas eu pergunto, que intolerância é essa? Dizer a um homem que ele deve fazer sexo apenas com mulheres para mim é muito semelhante a dizer a uma mulher que ela deve usar roupas compridas para ir à faculdade. Falta o respeito a ambos, tanto o dele de se relacionar com outro homem, quanto o dela de usar a roupa que desejar.
Gostaria ainda de perguntar ao senhor se alguma vez pensou no caso da Geise ser lésbica, ela poderia estar usando aquele vestido não para homens e sim para que as mulheres a desejassem. Assim aquele "corpão de tirar o fôlego", " mulherão", aquela "abundância", como você se refere à ela, poderia não ter o mínimo interesse em passar no seu cafofo.
Independente da orientação sexual da Geise Arruda, a forma como você se refere a ela não é nada respeitosa, a trata como se ela fosse um objeto feito para o deleite de homens heretossexuais, ela é muito mais que uma mulher bonita, ela tem sentimentos e ficou com medo de ser estuprada por aquele bando enfurecido. Achei que faltou sensibilidade de sua parte.

E eis que o autor resolveu se manifestar também, respondendo à Jane... moço, valeu a atenção com o leitor, mas ó, não convenceu não, viu? Veja aí:

Oi, Jane. Sinceramente não censurei pessoas, apenas disse que execrar mulher bonita e boa é coisa de veado, que não gosta da fruta. Penso que quem não gosta da fruta não deve se sentir ofendido por conta disso. Não generalizei, não expandi aquele gesto idiota a todos os GLSs. Fico feliz pela atitude de vocês aí em Belô, porque é preciso coragem para opiniar e se manifestar publicamente sobre isso ou aquilo. As pessoas costumam ser extremamente intransigentes quando a oração não é rezada conforme sua cartilha. Abraço.

Moral da história? NÃO PODEMOS NOS CALAR JAMAIS! Parabéns pela iniciativa, Jane!

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